"(...) As
razões não são simples e são demasiado íntimas. Não tenho de dá-las. Talvez
seja necessário ser eu, estar no meu lugar e ter o meu nome para entendê-las
por completo. Essa é a natureza da pele. Para nós próprios, a pele é aquilo que
nos protege, a fronteira entre a nossa presença e o mundo físico, o aparelho
sensível que capta a percepção daquilo com que interagimos. Para os outros,
essa mesma pele é a nossa superfície, a aparência. E, já se sabe, a aparência é
tão enganadora, a superfície é tão superficial.
Também
é comum admirarem-se com o carácter definitivo das tatuagens, perguntarem-me se
não tenho medo de me arrepender. Sorrio. Emociono-me com a inocência daqueles
que não percebem que tudo é definitivo e deixa marcas. Eu escrevo livros. Sei
que tudo é definitivo e nada é eterno. (...)"
José Luís Peixoto
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